02 fevereiro, 2024

Prefeitura proíbe celular nas escolas

 





A Prefeitura do Rio de Janeiro acaba de proibir, a partir dessa sexta-feira , dia 2 de fevereiro, o uso de aparelho celular dentro e fora das salas de aula nas escolas municipais. 




O dispositivo somente poderá ser usado pelos estudantes para falar com os pais em caso de emergência. 


Para o secretário de Educação, Renan Ferreirinha, "é como se o aluno deixasse a sala de aula, toda vez que abre uma tela do celular".


Você apoia ou não decisões como essa?


Deixe aqui embaixo o seu comentário.


O QUE É A MEG

MEG é a sigla da Missão do Evangelho da Graça, e representa a união de pessoas com o mesmo propósito: divulgar o Evangelho da Graça. 
Para isso precisamos estudar e desenvolver a nossa fé sem a interferência direta da religião; e exercitar a solidariedade que amenize o sofrimento dos mais necessitados. 

A MEG é uma proposta para saciar a fome do nosso espírito pelo aconchego de Deus, e para saciar a fome por pão, da qual padecem pessoas necessitadas que podem estar ao alcance de nossas ações? 

Por que? Porque essa é a oportunidade que temos para servir ao próximo. Mas nunca no sentido de barganha ou ostentação, nunca por vaidade. E sempre por gratidão a Deus por tudo que dele já recebemos. 

 Louvado seja nosso Deus!

NÃO TENHA MEDO DO APOCALIPSE





Devemos saber que a Palavra de Deus "é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hebreus 4:12).
 



A Bíblia muitas vezes é usada por pessoas que têm os pensamentos e a mente voltados para nos enganar e manipular. Fiquemos atentos. 

Viva sem medo do Apocalipse. Não haverá essa hecatombe universal, ninguém será deixado para trás. 

Esse foi o único livro que Deus realmente teria mandado escrever, seguindo relato do autor, mas não foi para nós. O Apocalipse reúne as cartas enviadas a sete igrejas da Ásia, para alertá-los da matança romana que estava por vir naqueles dias. 

As profecias do Apocalipse já se cumpriram. Não deixe os manipuladores usarem a Bíblia pra te assustar, te dominar e te explorar. Examine você mesmo a Bíblia. Descanse em Deus. Seja feliz e grato por sua vida.

31 outubro, 2022

Quem escreveu o Livro de Atos?

O Livro de Atos dos Apóstolos provavelmente foi escrito por volta de 20-25 anos após a morte de Paulo. Não sabemos quem é o autor. O livro nunca identifica quem o escreveu. Por causa do pronome "nós”, acredita-se que quem escreveu o livro, ou pelo menos as seções que fazem parte do livro contendo o pronome, era um companheiro de viagem de Paulo. Muitos atribuem a autoria do livro a Lucas, mas não há comprovação histórica que sustente essa afirmação.

01 janeiro, 2013

E por falar em bom senso


Professor universitário e doutor, Henrique Silvestre disse, semana passada, para a turma de Jornalismo do Campus Floresta, da UFAC, em Cruzeiro do Sul, que a humanidade está sem rumo.

“Não sabemos ao certo quem somos e nem para onde vamos. Falta uma luz, uma direção. E falta bom senso entre as pessoas”, disse Henrique.

Em minha opinião é este o ponto: falta-nos bom senso.


A parábola que conto a seguir não é exatamente uma luz, e nem pretende esclarecer coisa alguma. Ao contrário, é uma insignificante centelha de imaginação para divertir os cinco leitores desta coluna e confundi-los ainda mais quanto a essa reflexão existencialista. 

Havia um reino que, possivelmente por sua grande irrelevância, não deixou qualquer outro registro na história, a não ser pelos fatos que narrarei a seguir. Alguns dos hábitos de sua gente eram rudimentares demais, já que o fogo, que aceleraria o desenvolvimento da raça humana, não passava ainda de uma novidade por aquelas bandas. Sabia-se que ele era importante, porém, seu significado tinha certo quê de mistério.

A população apreciava e consumia de forma bem natural carne de boi, de porcos e aves. Abatia-se o animal e os pedaços eram saboreados ainda crus, quentes, com o sangue da refeição escorrendo por entre os dedos do cidadão faminto. As coisas só começaram a mudar quando um incendiário da moda, e eles eram muitos naquela época, tocou fogo em uma floresta onde bois e vacas refugiavam-se do sol quente. Nunca se descobriu se essa foi uma ação proposital ou acidental, mas isso já não importava mais.
Depois que as chamas baixaram os bichos foram encontrados torrados. Alguém teve a idéia de provar a iguaria. 

E a notícia de que a carne ficava mais saborosa assada que crua correu rapidamente. A região experimentou, então, os primeiros avanços conquistados com novas tecnologias e geração de renda. Apareciam anúncios contratando incendiários e bombeiros. Eles amarravam uma manada inteira de porcos nas árvores e tocavam fogo na floresta. O mesmo acontecia com bois e outros bichos. Contudo, as aves raramente eram encontradas depois de queimadas. Galinhas e patos, por exemplo, geralmente desapareciam. Diante de algumas penas tostadas, os estudiosos debruçavam-se sobre o problema e acreditavam que o sistema, embora moderno, continha erros de projeto.

O rei mandou construir dezenas de universidades por todo o país. Surgiram aí os primeiros cursos de engenharia florestal, veterinária, meteorologia, botânica e tantos outros. Apareceram estudos para medir a velocidade do vento, teorias sobre a propagação do fogo, projetos de reflorestamento e teses enormes sobre biodiversidade. Inauguravam-se quartéis do Corpo de Bombeiros por toda a parte, criaram o INCRA (Infelizmente Nada Conseguimos Realizar na Agricultura) e o Ibama (Instituto Biológico Avançado de Matança Animal). Mas o sistema permaneceu o mesmo por decênios, levavam os bichos para o mato, e fogo neles!

Até que um dia nasceu naquele reino um pequeno gênio. Seu nome era João Bom Senso. De temperamento dócil, observador e conhecedor profundo da alma humana, rapidamente o jovem estudante destacou-se na sua comunidade. Era sempre o último a se manifestar nas contendas, mas solucionava questões complicadas usando argumentos quase sempre pacifistas. No calor das discussões, quando tudo parecia perdido, alguém sugeria: “vamos usar o Bom Senso”, e João era chamado para abrandar os ânimos.

Ele nunca escondeu que achava estranho o método usado para assar a carne que a população consumia. Prudente, porém, compartilhava suas idéias com poucos amigos. “Com tanta gente nascendo todos os dias, no futuro não haverá floresta que chegue para preparar quantidade enorme de carne”, comentava. Durante meses isolou-se em sua casa e fez desenhos e anotações em muitas pilhas de papel. Mais tarde, reuniu alguns amigos e partiu para uma região isolada, onde testou um projeto.

Com pedra sobre pedra, fizeram uma espécie de forno, depois mataram um porco e dividiram a carne em várias partes menores, transpassadas por espetos pontiagudos colocados sobre o forno. Na base puseram pedaços pequenos de madeira e acenderam. As chamas tocavam a carne presa ao espeto. Perceberam que girando o espeto a carne assava por igual, e ficava mais saborosa quando temperada com sal.
Divulgado o resultado da experiência, o sucesso do novo método de preparação do alimento foi tão grande que a notícia ganhou a vila, o povoado e o reino. Agora todos queriam conhecer a Churrascaria do Bom Senso, que ia sendo implantada em toda parte em regime de franquias, imitado milhares de anos depois pela rede MacDonalds, entre outras. Os amigos de João trataram logo de criar as primeiras Ongs (Organizações Não Governamentais) e faziam protestos com faixas onde se lia: “O Bom Senso manda não queimar as florestas”.

Mas a nova revolução no hábito alimentar e nos costumes daqueles súditos foi repentina demais, e gerou enormes descontentamentos. A carne queimada na floresta, antes admirada mais que a carne crua, já era visivelmente rejeitada pelo povo. A partir daí o caos se instalou no reino. Milhares de pessoas perdiam seus empregos. Antigos técnicos de práticas incendiárias viraram pedintes nas ruas, tornaram-se alcoólatras e ameaçavam incendiar o mundo.

O rei mandou chamar João Bom Senso e seus seguidores. Os jovens, orgulhosos, fizeram vestes novas com alfaiates renomados para prostrarem-se com toda dignidade diante de Sua Majestade. Seus conterrâneos comentavam que os rapazes receberiam grandes honrarias do monarca. Mas ocorreu exatamente o oposto. Em um ataque colérico, o rei disse que Bom Senso era uma ameaça à nação. “Depois de tantos investimentos feitos, com inúmeras universidades formando profissionais que dominam como ninguém o manejo da carne incendiada, depois de tantos avanços na sociedade, depois de conquistar o apoio de intelectuais de todos os segmentos, vem um punhado de estudantes irresponsáveis e ameaça botar tudo a perder”, bradou o soberano.

Com uma canetada ele decretou que Bom Senso e seus seguidores teriam que deixar o país imediatamente, para que a paz voltasse a reinar ali. Depois que partiu para o exílio, em canto algum se ouviu falar mais de Bom Senso. E os boatos que se seguiram foram tantos que ninguém teve mais dúvida, o Bom Senso estava morto, vítima de uma grande depressão. 

Talvez isso explique porque, hoje em dia, ele não é mais visto entre as pessoas.

Texto de Dilson Ornelas, inspirado em histórias que ouvia na infância.

15 novembro, 2012

SUA MALÁRIA ESTÁ EM DIA?

Conheço um cara no Canela Fina, zona rural de Cruzeiro do Sul (AC), que está com muita raiva. Abatido, de cama, está se sentindo traído pela malária.


- Eu esperava ela pra fevereiro do ano que vem e ela chegou agora. Minha malária sempre vinha em março e agosto. Não falhava um ano. 

05 outubro, 2012

New York Times desaconselha viagens à Amazônia


Reportagem sugere cidades mineiras a turistas



Texto de Dilson Ornelas

Se a Amazônia tem os pulmões do mundo, poucos se interessam em ver de perto como seus habitantes se privam do desenvolvimento. Para a maioria dos turistas, basta saber que precisam respirar com os nossos pulmões para gastar em outros lugares.

Mas eles tem o direito de escolher onde vão gastar o dinheiro para que suas famílias tenham as melhores férias que o dinheiro pode pagar.

O turismo é precário na Amazônia porque governos estaduais e prefeitos não desenvolvem políticas públicas voltadas ao turismo. Essa sim, é uma indústria que gera renda e não polui.

Em artigo recente o jornal norte-americano The New York Times desaconselhou viagens de cidadãos daquele país à Amazônia, porque "é muito longe, muito cara e complicada". A reportagem, escrita por Seth Kugel na categoria online de Turismo, também diz que o Rio de Janeiro e São Paulo são as cidades mais caras do ocidente para se visitar, mais caras  que cidades da Europa e das três Américas.

Mas o jornal sugere que os norte-americanos conheçam Minas Gerais, principalmente Ouro Preto, Diamantina e Tiradentes, onde se come carne de porco fresca, guisados verdes e doces.

Geralmente as viagens são planejadas em função da paridade do Dólar com as moedas locais, no nosso caso o Real. Dependendo do câmbio,  uma viagem de Nova Iorque ao Brasil pode variar de R$ 4.000,00 a R$ 6.000,00. 

O NYT informa que o Brasil surpreende por causa da diversidade cultural, geográfica, econômica, ecológica, musical e culinária. Mas alerta que as viagens dentro do Brasil devem ser reservadas com bastante antecedência, para aproveitar as promoções das companhias aéreas.

Com a palavra, agora, os gestores das secretarias de Turismo. O que dizem?

25 agosto, 2012

Entrevista com Marcos Terena


ENTREVISTA COM MARCOS TERENA

A maior referência indígena brasileira em organismos internacionais, Marcos Terena nos concedeu essa entrevista exclusiva. Revelou que o presidente Lula, seu companheiro, traiu os índios ao diminuir suas terras. Elogiou o ex-governador do Acre, Jorge Viana e disse que a Universidade da Floresta (UFAC), que chamou de “coisa de branco”, não poderá tratar o índio como se fosse apenas um banco de dados de onde se extrai conhecimento. Disse que os índios têm mesmo que participar do Exército e precisa defender a Amazônia dos invasores estrangeiros, porque os índios são brasileiros e já lutaram muitas vezes pelo Brasil.


ORNELAS – O senhor pode fazer uma análise da importância das comunidades indígenas no debate da biodiversidade?


MARCOS TERENA – Esse ano vamos ter no Brasil (em Curitiba, Paraná), no mês de março, a conferência da ONU sobre biodiversidade, quando estarão sendo analisados o acesso aos conhecimentos tradicionais dos índios, e também dos ribeirinhos, seringueiros, quilombolas. Nesse sentido o Brasil, que tem mais duzentos povos indígenas, com biomas como a Amazônia, o Panatanal, Serrado, Mata Atlânitca, e é muito rico em biodiversidade, vai tratar essa questão. E nós os índios, primeiros habitantes do Brasil, tradicionalmente conhecedores de todos esses biomas, não podemos ficar de fora. Não é querendo desmerecer os outros brasileiros, mas nós já estávamos aqui antes da chegada do colonizador. Por isso estamos conversando com as lideranças e explicando que as Nações Unidas estão tratando essa matéria, para saber como entrar na ciência indígena e para que eles se tornem donos, proprietários desse saber.


ORNELAS – De que forma o índio pretende se relacionar com esses mercados?


MARCOS TERENA – Esses conhecimentos indígenas são seculares, que foram tratados com a possibilidade de serem repartidos. E sempre foi assim, a medicina, a alimentação, sempre foi repartido coletivamente, não para ganhar dinheiro, mas para trazer qualidade de vida para as famílias, para as crianças e velhos. Só que o mundo do homem branco não trata desse conhecimento dessa maneira. Cada planta, cada conhecimento, segundo a filosofia do homem branco, precisa ter um dono. A Coca-Cola é proprietária de um tipo de refrigerante, a Antarctica também e nós, os índios, sempre tratamos desses conhecimentos com liberdade. Por isso que nessa relação nova não podemos tratar isso como se fosse uma coisa exclusivamente indígena, porque a gente passa a ter uma relação com um sistema colonizador que, sem respeitar os direitos indígenas, procura piratear esses conhecimentos.


ORNELAS – Já são realidades os projetos do governo da Universidade da Floresta e do Instituto da Biodiversidade, no Acre. O senhor acredita que os povos da floresta poderão ser beneficiados?


MARCOS TERENA – Esses sistemas não são indígenas, são da cultura do homem branco, institutos, universidades, etc. Nós temos conversado com nossas lideranças para também compartilhar esses saberes, mas que o índio não seja apenas uma fonte de pesquisa, o índio não é um celeiro de banco de dados, que o pesquisador branco vai lá, pega o seu saber e vende. O índio tem que fazer parte do processo, para saber até onde está indo o benefício e de que forma está sendo usado. O pajé de hoje aprendeu com o pajé velho, que aprendeu com outro mais velho. Nós queremos que o conhecimento seja passado para o pajé do futuro. Então, se uma universidade tem professores que se formaram na USP, ou em Oxford, Havard, mas perto do índio eles não sabem nada. A verdadeira universidade da floresta é o conhecimento indígena, não é apenas uma terminologia.


ORNELAS – O senhor pode fazer uma análise da importância das comunidades indígenas no debate da biodiversidade?


MARCOS TERENA – Temos 230 povos indígenas, com 180 diferentes línguas vivas. A população é relativamente pequena comparada com a população brasileira, temos em torno de 500 mil indígenas vivendo em comunidades. Nós já fomos em torno de 10 milhões, na época da chegada de Cabral aqui no Brasil. Isso quer dizer que existem centenas maneiras diferentes de ver o conhecimento tradicional. Nós queremos mostrar ao governo que somos partes integrantes do processo. Não podemos ser tratados como incapazes, mas compete a nós, os indígenas nos organizarmos para conscientizar o governo, seja ele de que lado for, esquerda, direita ou de centro. Aliás a nossa expectativa em relação ao Lula antes era uma e a realidade é bem diferente. Tanto que o presidente da FUNAI, que deveria cuidar dos interesses dos índios, afirma que o índio não tem que lutar mais pela terra. Mas esse é o papel do governo, demarcar as terras indígenas, Então nós não queremos mais antropólogos, ou indigenistas, como condutores desse processo.


ORNELAS – O senhor pode falar um pouco da sua formação, da sua origem?


MARCOS TERENA – Eu sou do Pantanal, no Mato Grosso do Sul, sou do povo Terena. Nós conquistamos o Pantanal para o Brasil mas não temos terra. A menor aldeia do Brasil tem só quatro hectares e pertence aos Terena, fomos traídos por Dom Pedro e Duque de Caxias, mas nós nos organizamos e levamos nossos jovens para as universidades e apesar disso nunca perdemos nossos valores espirituais. Fui escolhido para conduzir esses trabalhos da ONU aqui no Brasil, mas isso não terá nenhum valor se eu não puder compartilhar isso com os outros líderes indígenas. Sou piloto de avião da FUNAI, por isso conheço bem essa e outras regiões do Brasil. Atualmente estou nesse trabalho voltado para a defesa dos conhecimentos tradicionais, mas também estou trabalhando um outro processo, que é o direito indígena aos novos conhecimentos, como o acesso à internet. Tem gente que pergunta como conciliar tradição e modernidade. Mas essa foi exatamente a grande rasteira que a civilização moderna deu nos índios, deixando-os de fora do processo de modernização. Somos inteligentes e capazes, apesar de sermos tratados como incapazes, mas os índios demonstram grandes valores de relações humanas e o meu papel é exatamente o de fomentar esse tipo de conhecimento para o Brasil, defender os patrimônios brasileiros, mas sempre respeitando as tradições indígenas.


ORNELAS – Nas últimas décadas vimos inegáveis avanços sociais indígenas, e alguns índios até se destacaram na política nacional, como o Juruna, deputado pelo Rio de Janeiro. Mas o Estado aumentou sua tutela para com esses povos. De que forma o índio pode diminuir essa dependência?


MARCOS TERENA – Na verdade hoje não temos nada. A gente aposta que o novo governo que vai tomar posse no início do ano tenha um compromisso com os indígenas. Nós queremos estar no sistema de poder para gerenciar nossos recursos com responsabilidade, para dar certo ou não. Essas lideranças indígenas conseguiram mostrar que o índio não é uma peça folclórica, transitória. O índio está vivo, não foi extinto. Pelo contrário, se por um lado alguns índios que recebem algum benefício, como da Vale do Rio Doce, não queriam mais fazer flecha, caçar, dançar ou pescar, por outro criamos os jogos indígenas que reúne jovens de todo o Brasil. Para isso parte do dinheiro veio do governo, temos que aprender a administrar esses recursos para participar do poder. Já tivemos governo militar, do Collor, do Sarney, do sociólogo e agora temos o de um companheiro. Qual foi o melhor? O governo Lula foi o único, nos últimos tempos, que diminuiu terra indígena na demarcação. O governo Fernando Henrique nunca fez isso, e o Lula, nosso companheiro de caminhada, fez isso.


ORNELAS – Recentemente houve uma polêmica porque uma senhora indígena estava treinando tiros com o Exército. Qual a sua opinião sobre isso?


MARCOS TERENA – Nós Terena não éramos soldados, mas ajudamos a assegurar o Pantanal para o Brasil. Não recebemos medalhas e nem terras por isso, mas somos brasileiros. Aqui na floresta amazônica, se o governo brasileiro quiser mesmo protege-la não pode menosprezar a capacidade indígena e nem dos camponeses da região. Esses são conhecedores de todas as armadilhas e de todos os saberes da floresta amazônica.


ORNELAS – Mesmo contra toda a pressão de organismos internacionais que discordam dessa tese?


MARCOS TERENA – Claro, sou defensor do nosso país integral, como ele é. No Pantanal temos a segunda maior reserva de água potável do mundo. Qual o plano de ação que esse governo tem para que esses recursos não sejam invadidos pelos interesses das multinacionais. Os EUA estão montando uma base militar na Represa Itaipu, do lado paraguaio. Quando você fala da Amazônia você está falando de vários paises e se os estrangeiros não entrarem por aqui vão entrar por um país mais frágil politicamente, como é o caso da Colômbia. Eles já estão lá, então eles já estão na Amazônia e a mesma coisa vai acontecer com o Aqüífero Guarani. Criar polêmica por causa da figura de uma indígena que estava com um fuzil é muita pobreza, se vale ou se não vale. E a determinação dos povos indígenas, como é que fica?. Uma vez eu vi uma mulher pilotando um avião da Riosul. As mulheres brasileiras são guerreiras, e na relação indígena ela ainda tem mais força que o homem.

09 agosto, 2009

O Nome da Rosa, pura semiótica


Quais elementos no filme O Nome da Rosa nos permite inferir que o monge Willian Baskerville faz uma investigação semiótica? Como ele chega à solução dos crimes?


O roteiro e os argumentos do filme baseado na obra homônima de Umberto Eco, O Nome da Rosa, são todo o tempo recheados de elementos de uma investigação semiótica. O telespectador menos atento tem dificuldade para entender a solução do enigma proposto pelo autor, se não presta atenção nos inúmeros sinais que vão sendo pouco a pouco descobertos por Willian Baskerville.

Em um caloroso debate na biblioteca, com o monge cego Jorge, do qual poucos ousavam discordar, devido sua inteligência e sagacidade, Baskerville usa uma série de imagens históricas para provar que o riso é divino, e não satânico, como sugeria seu interlocutor. Mas Willian fica intrigado com outra coisa: existem muito poucos livros à mostra, em se tratando de uma biblioteca que era famosa justamente por ser uma das maiores e mais bem conceituadas da época.

Durante a investigação das mortes de Adelmo e Venâncio, ele observa as pegadas na neve e deduz pelas marcas profundas, que uma pessoa carregava o morto, andando de costas, como revelava a parte de traz da marca dos pés, na altura do calcanhar. Além disso, não deixa de prestar atenção no modelo dos sulcos da sola do sapato, para compará-los, mais tarde, com os calçados de Berengário, o ajudante do bibliotecário, que também viria a ser morto.

Todas as mortes são também riquíssimas em sinais, já que o responsável por elas escolhe os sinais para deixar os cadáveres em cenários que lembram episódios descritos no livro do Apocalipse, do apóstolo João. Mas esses sinais, apontados pelo monge Ubertino, não impressionam Willian Baskerville, que prefere seguir seus próprios raciocínios semióticos. Provavelmente ofendido em sua fé, Ubertino chega a dizer que seu amigo investigador “pensa demais, e prefere confiar mais nas deduções que nas profecias”.

Willian percebe que todos os mortos da abadia têm algo em comum, os dedos usados para folhear páginas de livro, tinham um borrão de tinta azul, inclusive o de Berengário, que era canhoto, e antes de morrer fez anotações de um livro proibido, espiritualmente perigoso, em um pedaço de papel com uma tinta que Willian leu ao aproximar o bilhete de uma chama de vela.

Com a ajuda do mestre da casa de ervas, descobre tratar-se de veneno a mancha nos dedos dos cadáveres. Ele comunica o fato ao abade e pede permissão para continuar suas investigações no interior da biblioteca. O abade hesita em autorizá-lo e o dispensa dos serviços, já que entregará o caso ao inquisidor Bernardo Gui, desafeto de Baskerville. O herói conta ao seu discípulo que também estivera a serviço da Santa Inquisição, mas caiu em desgraça depois que inocentou um homem após, com o uso de raciocínios semióticos, descobrir que o acusado não tinha culpa alguma. Bernardo pediu a sua morte, Willian recorreu ao papa, foi torturado e se retratou.

Em oposição ao raciocínio da semiótica, o inquisidor agora segue novamente falsos sinais e obriga dois antigos hereges que se escondiam na abadia, e foram apanhados em companhia de uma mulher, a confessarem sob tortura a autoria dos crimes na abadia. Durante o julgamento Gui prepara nova armadilha para Baskerville, que afirma com veemência que nem Remigio e nem Salvatori são culpados pelas mortes. Outro monge é morto e Bernardo Gui acusa Willian de ser o autor de todas as mortes.

O investigador e seu assistente aproveitam distração dos monges, que se reúnem orientados pelo papa para debaterem evidencias que provariam ou não se eram de Cristo as roupas que ele usava, e entram na biblioteca. Para ter acesso aos livros escondidos em compartimentos secretos, Willian segue os ratos, como quem segue um sinal. No seu raciocínio semiótico, em uma biblioteca os ratos se alimentam de pergaminhos. E assim chega aos livros.

Ao encontrar-se com o monge cego, responsável pelas mortes, o investigador pede a Jorge que o deixe ver o livro dedicado à Comédia, de Aristósteles, que lhe é prontamente entregue. Ele usa uma luva para folhear o manuscrito e frustra a esperteza do assassino, que sugere que também o assistente leia o livro. Jorge é desmascarado. Na perseguição ao criminoso há um incêndio que se espalha rapidamente por toda a biblioteca.

O assistente consegue rapidamente deixar o prédio, mas Baskerville se atrasa enquanto tenta salvar alguns livros. Momentos depois, quando o seu discípulo já lamenta sua possível morte, Baskerville sai das chamas, seguindo os ratos que também fugiam do incêndio, como quem segue um sinal para escapar da morte.

Dílson Ornelas - agosto de 2009.


UFAC Universidade Federal do Acre
Campus Floresta
Curso de Jornalismo
Professor: Dr. Milton Chamarelli Filho
Acadêmicos: Dilson Ornelas e Paulo Amorim